50 anos depois e o cumprir abril hipocrita das esquerdas.

“Foi bonita a festa, pá”, cantava o Chico Buarque depois do 25 de abril de há 50 anos! E hoje de certeza que houve gente que disse o mesmo sobre a festa de ontem! Cinquenta anos é um número redondo e por isso tinha de se comemorar com pompa e circunstância. Além da cerimónia oficial na Assembleia da República com o habitual desfile de rega-bofes e a ladainha dos discursos, houve também a pátria sentida em desfile militar e várias outras iniciativas como reconstituições dos acontecimentos e marchas pela liberdade nas ruas e avenidas. Em comum o cravo vermelho orgulhoso no peito ou seguro na mão da esperança, ao alto pelo clamor da liberdade. E depois claro a prece registrada na cassete esquerdista: “25 de abril sempre! Fascismo nunca mais.”

Foi bonita a festa, pá? Enfim foi aquilo que foi possível perante um radicalismo cada vez mais presente na sociedade portuguesa! A mim não me entusiasmou por aí além e devo dizer que fiquei desiludido porque 50 anos mereciam mais e melhor mas quis o destino que fossem as esquerdas a estragar o dia que tanto gostam. E o ataque não começou só ontem, vindo de trás através de um processo de extremismo que vai contra os lemas que parece defenderem a pés juntos! Durante muitos anos o 25 de abril foi uma data comemorada sem sobressaltos e polémicas. Porquê? Porque a esquerda nunca se sentira ameaçada no seu domínio da rua, mesmo com a presença de partidos como o PSD e o CDS/PP e porque em consequência havia mais liberdade de opiniões e mais respeito. Tudo estava bem e não podia ser de outra forma. Ora com o aparecimento de novos partidos à direita e sobretudo o Chega as coisas mudaram de figura e caiu por terra a imagem de tolerância divulgada pela esquerda sobretudo a sua extrema. A juntar a isto o radicalismo da doutrina woke depressa adoptada por essa mesma extrema-esquerda com ênfase para o BE, verdadeiro veículo da imbecilidade ideológica que representa esse movimento. Assim o 25 de abril que antes até era uma festa bonita e que é ele próprio um dia com uma história bonita passou a ser usado de forma abusadora por uma esquerda que se acha dona dele e por conseguinte também dona da democracia e liberdade! E portanto não espanta, infelizmente, que desde há alguns anos assistamos a uma censura de opiniões de direita nas redes sociais, que a comunicação social esteja controlada pela esquerda, que o wokismo e o politicamente correcto não só invadem o espaço mediático mas também ocupem cada vez lugar mais importante nas empresas, institutos e classe política, que as palavras fascista e fascismo sejam usadas de forma estupidamente abusadora e irracional como arma de arremesso insultuoso contra democratas de direita, que haja cada vez menos paciência para opiniões diferentes, que a sociedade esteja infelizmente cada vez mais fragmentada! Portanto como é que a esquerda pôde sair à rua gritando liberdade e democracia quando vivemos cada vez mais afastados desses ideais que dizem ser de abril?! Talvez aquilo que dizem ser democracia e liberdade é aquilo que vai ao encontro daquilo que desejam mas isso não é democracia! Porque a democracia, por muito que custe, não é só aquilo que gostamos e com o qual concordamos. Por isso falam desde sempre em cumprir abril porque a hipocrisia inerente ao estado de alma das esquerdas não aceita outra forma de completar esse objetivo que não seja a total transformação da sociedade de acordo com a ideologia que defendem. Por isso a liberdade do 25 de abril é incompleta e de certo modo até enganadora pois imagine-se se o sonho duma ditadura comunista tivesse vingado. Mas por isso mesmo há que dizer ainda bem que houve o 25 de novembro!

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